ÚNICO E UNOS – CAMINHOS QUE SE CRUZAM – UFRGS UNICOS E UNOS – PROF. OSCAR PEREIRA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO PROF. OSCAR PEREIRA
PROJETO: CARTOGRAFIA DO BAIRRO
PROFESSORA RESPONSÁVEL: JOCILDA ESPINDOLA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA PÚBLICO ALVO: ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Subprojeto do ProjetoÚNICO E UNOS – CAMINHOS QUE SE CRUZAM – UFRGS PROFESSORA ORIENTADORA: MARIA CRISTINA V. BIAZUS
JUSTIFICATIVA PROFESSORA ORIENTADORA: MARIA CRISTINA V. BIAZUS
JUSTIFICATIVA
Trabalho a dois anos na E.E.E.M. Prof. Oscar Pereira e tenho atualmente doze turmas. A saber: quatro quintas séries; uma sexta série; três sétimas séries, três oitavas séries e uma turma do ensino médio do primeiro ano.
A escola está inserida no bairro Cascata. A maioria dos alunos reside neste bairro e, neste lugar existe um mínimo de infra-estrutura. A violência é uma constante e, atualmente dois grupos rivais do narcotráfico estão em guerra para ver quem vai comandar este ponto.
Pensando em educação e, em nosso caso, tendo a Arte como nosso foco principal, nosso grupo de trabalho na disciplina do Laboratório de Informática e Ensino das Artes Visuais – UFRGS formado pelas alunas Jocilda Espindola; Regina Miranda, a Vivian Andreta e Maria Salete Melo Martins acataram o trabalho de Cartografias Conceituais proposto pela professora.
Como arte educadora dessa escola, conheço um pouco do contexto vivenciado por meus alunos, através de depoimentos do corpo docente, dos alunos e dos seus trabalhos realizados em sala de aula. Achei ótima a idéia de desconstrução da imagem negativa do lugar onde moram, através das fotos que irão tirar e manipular no laboratório de informática. Espero que com esta visualização crie em meus alunos uma perspectiva de realização, que seja o primeiro passo para a concretização de seus sonhos e desejos. Muitas vezes me sinto impotente diante da realidade ali presente, quando perdemos nossos alunos, quando estes se envolverem com o narcotráfico ou com o abandono destes da escola, indo viver com e para as drogas. Com a dura realidade ali presente, que às vezes um mínimo para sobrevivência destes alunos não existe, como a família. Esta escola funciona aos finais de semana com a “Escola Aberta” para a comunidade com oficinas, dentre elas o curso básico de informática, ministrado por um membro do corpo discente, um monitor, formado em cursos anteriores. Este aluno esta cursando o primeiro ano do ensino médio, inclusive é este aluno, o Guilherme, que está me ajudando com os alunos da oitava série, turma 83, que estão no projeto piloto. A sala de informática conta com quinze computadores, destes sete estão com problemas, contamos com oito computadores funcionando em rede. Quando todos estão sendo utilizados simultaneamente, eles ficam muito lentos, dificultando os comandos, e com isto os alunos ficam impacientes. Nenhum professor usa a sala de informática, eu sou a pioneira com os alunos, pois as turmas são muito grandes, somente esta turma da oitava série é pequena, são trinta alunos inscritos e uns vinte e dois alunos frequentando regularmente. Não fomos preparados para lidar com a dura realidade ali apresentada, nosso contexto de vida difere em muito com o que nos é apresentado. Mas temos que encontrar alternativas. O corpo docente desta escola está sempre aberto para novos projetos que possam vir a nos ajudar com estes alunos, dar uma condição melhor de vida e cidadania. Este ano dividimos o corpo docente em grupos e, iremos realizar vários projetos interdisciplinares, como: a “Semana Literária” (com declamação de poesias, apresentação de peças teatrais, contos e exposição de projetos individuais em artes plásticas); “Nações” (culinária, música, arte, vestuário, localização e história) e, por último uma gincana envolvendo as ciências exatas.
O projeto que estou executando junto aos alunos da oitava série visa primordialmente a educação do olhar para a percepção e valorização de fatos positivos do cotidiano, em seu trajeto diário do ir e vir, que passam desapercebidos, da sua moradia até a escola. Acreditamos, também, que as linguagens e os códigos da Arte são capazes de dar mais vozes aos nossos alunos, que estarão habilitados a produzir em meios outros que a linguagem falada e escrita.
A Arte é o caminho que buscamos para mediar estas descobertas, que se entrelaçarão em projetos transdisciplinares com outras áreas do saber, pois acreditamos que somente poderemos gerar transformações possibilitando vivências e problemáticas que desenvolvam a capacidade de sentir e perceber.
E que as aulas de Arte cumpram o seu papel nos meios escolares não só de gerar platéias e apreciadores de objetos e de todas as linguagens em que se apresenta, mas que também seja uma aprendizagem que tenha uma atribuição de significado real para nossos alunos. AUTONOMIA, isso é habilitar e capacitar alguém: dar-lhe poder decisório alicerçado em argumentos, conhecimento.
OBJETIVOS Alfabetizar para a leitura de mapas impressos e ou virtuais disponíveis;
Utilizar as mídias locativas como meio de captura das imagens e a tecnologia para desenvolver os trabalhos;
Elaborar e alimentar um blog para valorizar o trabalho desenvolvido, mostrando seu registro, processo e conclusão. Este projeto estará conectado ao Projeto Aprendi/UFRGS e sua Comunidade para o diálogo com professores de Arte.
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO PROF. OSCAR PEREIRA Rua Francisco Martins, s/nº bairro Cascata CEP = 91.712-150 Porto Alegre, RS Fone: 3318-5010 Total de alunos: mantém uma média de 1.600 alunos IDEB = 4,8 Professora Coordenadora do projeto na escola Jocilda Espindola – professora de artes
METODOLOGIA
RELATO DE UM PROCESSO EM DESENVOLVIMENTO: EU E MEUS ALUNOS Iniciei O projeto: ÚNICOS e UNOS – caminhos que se cruzam há um mês e já é possível afirmar que uma sementinha foi plantada, novas possibilidades estão surgindo.
Primeiro foi o mapeamento do percurso casa e escola, o trajeto. Como colocar isto no papel? Levei algumas cópias de mapas que tirei da internet, de outros espaços como exemplos e, pedi para observarem os seus espaços, e que só depois transcrevessem para o papel, colocando também nestes, os pontos de referência; como o bar, a casa de um parente, ou de um colega da escola. Partindo desta observação de campo é que dei inicio ao trabalho. Os becos e as ruas foram tomando forma, a relação com o espaço foi se tornando visível. Outro momento do projeto foram as marcas pessoais que tiveram que confeccionar, primeiro fizeram um esboço, depois estas marcas foram confeccionadas em outros materiais alternativos. Estes trabalhos foram transformados em imagens digitais e passados para um blog, criado na disciplina do Laboratório de Informática e Ensino das Artes Visuais – UFRGS, do qual faço parte, e de onde surgiu a idéia do projeto.
Quando os alunos terminaram de confeccionar os mapas e as marcas, levei-os ao laboratório de informática. A internet da escola é a banda larga 3G da Claro. A diretora cedeu o aparelho que estava em uso pela secretaria e, com isto as atividades que estavam sendo realizadas no momento, tiveram que ser paralisadas. Com a ajuda do monitor e em dupla, e em alguns casos em trio, visualizamos no Google maps, a trajetória casa-escola. Em outro dia usamos o Google.earth para olharmos em 3D, e alguns alunos visitaram seu blog e postaram alguns comentários. Pude constatar que alguns alunos não possuem intimidade com o meio eletrônico. Para estes alunos em que a tecnologia é algo tão presente e muitas vezes tão distante de seu mundo. Sinto que alguns possuem um medo, natural para aqueles não foram ainda alfabetizados nesta linguagem.
O maior problema que estou encontrando é que certos alunos não possuem equipamento para capturar as imagens, mas tenho certeza que os colegas irão ajudar, quando este momento chegar.
Para um olhar mais apurado, em relação as fotos que irão fazer, fiz uma visita com os meus alunos a exposição REFLEXIO, no Santander Cultural, com fotos de artistas franceses, ou que passaram pela França. Como havia feito um curso de formação sobre esta exposição, pude fazer o papel de mediador dos trabalhos ali expostos. Mas mesmo assim acho que terei de fazer um trabalho extra em cima da educação do olhar.
Esta cartografia irá mexer e remexer com as suas vidas e o seu mundo.
Como educadora e fazendo parte integrante deste projeto, terei que buscar recursos, tanto financeiros como didáticos, mas nada como a satisfação que certamente terei com este projeto. Ele ainda está em andamento, e por isso muitas mudanças e ajustes serão necessários. Todo o projeto necessita de uma avaliação constante durante todo o processo.
SITUAÇÃO DA ESCOLA PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
O laboratório da escola possui 15 computadores, dos quais somente 8 estão funcionando. Para que o projeto e o laboratório de informática desenvolvam-se com qualidade em prol do alunado, precisamos uma infra-estrutura. Pessoas habilitadas para capacitar os professores a trabalhar em programas – “softwears free” para subsidiar o desenvolvimento dos conteúdos de cada disciplina. As turmas em geral têm um número médio de 40 alunos. O ideal seria uma máquina para cada aluno, pois só dessa forma será desenvolvido um aprendizado de ganho real.
ROTEIRO DE TRABALHO Plano A: ORIENTAÇÕES GERAIS Fazer uma preleção sobre o projeto como um todo e a importância de apropriar-se do conhecimento sobre o espaço que cada um e suas famílias ocupam e, a importância geral do bairro no desenvolvimento da cidade; Solicitar que cada um crie uma forma artística de mostrar o trajeto casa – escola – casa – usando um mapa para consulta de nome de ruas, avenidas, becos, etc. Orientar a criação uma marca pessoal para uso posterior, na seqüência do projeto. Arquivar os trabalhos em uma pasta apropriada.
Plano B: AMBIENTE VIRTUAL: Para postagem das fotos, retornos aos alunos e análise pelos professores: Projeto Aprendi.
De posse do rascunho do mapa e da marca pessoal aguçar o olhar para esse trajeto e registrar 10 pontos positivos e 10 negativos; os negativos serão manipuladas em programa a ser definido posteriormente, transformando-os em positivos; Registro: fotografia e ou filme em mídias locativas disponíveis a cada um e colocando no local escolhido uma marca no mapa “analógico”; As imagens (suas fotos e vídeos) poderão ser salvas no programa: http://photobucket.com/ É um site “hospedeiro” (grátis) para imagens e vídeos, ou seja, torna as imagens do nosso computador em imagens virtuais, prontas para serem usadas no ambiente virtual. Só precisa fazer um login, cadastro e senha, para acessar e usar. Feito isso estarão prontas para serem lançadas no Projeto Aprendi para avaliação.
RECURSOS PARA MANIPULAR IMAGENS: onde fazer? MINHAS IMAGENS WINDOWS OU EDITOR DRAW – LINNUX GOOGLE EARTH e/ou GOOGLE MAPS (Google Earth 5.0) (localização do endereço) + Paint (ferramenta de desenhar do Windows) ou editor draw (do Linux) (que dá condições de corte e manipulação das imagens) POSTAR as imagens comentadas no Projeto Aprendi.
NEWTOPIC*( tópico novo-assunto novo para discutir) inserir imagem (ferramenta oferecida na barra) – comentar as fotos e por que foram escolhidas;
MATERIAIS:
1-PARA FOTO: todo tipo de mídias locativas as quais o aluno tenha acesso; 2-Cabo USB; 3-Computador com internet para acesso individual. 4-Adesivos para mapear o trajeto/caminho. 5- Papel de preferência A4. 6- lápis de cor; grafite; borracha.
AVALIAÇÃO - fundamentos pesquisados
Recorremos a alguns teóricos para acompanhar nossas condutas avaliativas tornando-as mais claras em seus objetivos específicos. Abaixo, trazemos alguns excertos de textos e falas que estão em consonância com aquilo que acreditamos que seja avaliação.
Paulo Freire diz que:em>>“A primeira condição para que um ser possa assumir um ato comprometido está em ser capaz de agir e refletir [...]. Somente um ser que é capaz de sair de seu contexto, de distanciar-se dele, capaz de admirá-lo para objetivando-o, transformá-lo e, transformando-o pela sua criação torna-se um ser que está sendo um ser histórico, somente este é capaz de comprometer-se, [...] A lente que se interpõe entre o olho e a imagem escolhida geram distanciamento e dá condições de transformar a realidade inóspita, agressiva, indesejada em uma imagem enquadrada com critérios positivados, transformando a realidade, mesmo que virtualmente. Talvez o vislumbre da melhoria seja um impulso para que o sujeito se comprometa a lutar por uma qualidade melhor para si e para sua comunidade. (...) O homem deve atuar, pensar, crescer, transformar e não adaptar-se fatalisticamente a uma realidade desumanizante.Tentar a conscientização dos indivíduos com quem se trabalha, enquanto com eles também nos conscientizamos, este e não outro nos parece ser o papel do trabalhador social que optou pela mudança”. Para avaliar é necessário ter bem claro os objetivos específicos que se quer alcançar.
Nosso projeto de arte para alunos de ensino fundamental e médio foi projetado para o uso de recursos de mídias locativas como celulares/máquinas fotográficas /computador/papel/lápis.
Visando o envolvimento do grupo foi proposta a criação de um mapa pessoal do trajeto escolar, possibilitando o intercâmbio de códigos e objetos.
Desenvolver o olhar ao observar o trajeto escolar proporciona aos alunos condições para avaliarem as dificuldades ao selecionar focos de interesses e a escolha da temática das imagens. Ao selecionar imagens contextualiza espaços existentes.
A execução do mapa em croqui é estabelece uma representação bidimensional do tridimensional do real; passando do estudo para o ato de recriar com uso da tecnologia do software como ferramenta de expressão o que possibilita a recriação da imagem em 3D.
A execução dos signos pessoais visa proporcionar referencial à compreensão das marcas/design dos produtos e estabelecer diferenças e implicações existentes entre pessoas físicas e jurídicas, entre o privado e o público. É necessário reavaliar as relações que coabitam e dar noção da paisagem que os envolve em realidade.
A utilização do computador oportuniza a inclusão digital, objetivando a familiarização com o uso da lógica\ suas funções e linguagem da tecnologia bem como a capacitação de inserção no mercado.
A utilização de celulares e máquinas digitais para captura de imagens, habilitam a comunicação entre as imagens e os recursos dos softwares como produto\recurso.
Assim, é de extrema importância avaliar as competências de informação e comunicação, de raciocínio e resolução de problemas e noções básicas sobre computadores e programação. Ou seja, avaliar o percentual da autonomia tecnológica gerada ao término do trabalho.
Fazendo uso da proposta triangular segundo Ana Mae Barbosa(1997:10 e 11)“As metodologias que orientam o ensino da arte nos anos 80, denominadas ensino pós-moderno [...], ou ensino de arte contemporâneo [...], considerando a arte não apenas como expressão , mas também como cultura, apontando para a necessidade da contextualização histórica e do aprendizado da gramática visual[...]”
A proposta didática requer atividades que perpassam o Conhecer como experiência cognitiva que requer o envolvimento, compreensão das etapas de desenvolvimento, com a utilização evolutiva da linguagem do plano BI ao TRI, ao VIRTUAL BI ao TRI dimensional, o perceber, o fluir; o Criticar com a capacidade de análise, discernimento e argumentação; o Fazer arte inclui a capacitação autoral da produção; ampliação do reconhecer-se com planejamento auto-avaliação.
Mais atualizado que nunca, a proposta de Mae nos dá conta de será muito difícil uma aprendizagem se não houver uma leitura, interpretação e contextualização do problema. David Ausubel completa ainda que essa aprendizagem deva ser significativa, ou seja, que o aluno tenha um “uso real” no seu universo.
BIBLIOGRAFIA Barbosa, Ana Mae. Arte-Educação no Brasil. São Paulo Ed. Perspectiva, 2006 Hernandez, Fernando e Marilda Oliveira de Oliveira. A Formação do Professor eo Ensino das Artes Visuais, Santa Maria: Editora UFMS, 2005. Nazário, Luiz e Patrícia Franca. Concepções Contemporâneas da Arte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006, p.310-344. Nova Escola, revista nº223, pgs.82 e 83; 50 a 58, . Junho/Julho, 2009. Ed. Abril, São Paulo, SP. Pátio, revista pedagógica, nº 44/49, novembro 2007/janeiro 2008. Ed. ARTEMED Read, Herbert. A Educação pela Arte. São Paulo Ed. Martins Fontes, 2001. Silva, Ângela Carrancho. Escola de Artes- Caminhos para Transformação. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2006, p.84-113.
AVALIAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA PROF. OSCAR PEREIRA• Geral: O trabalho será exposto na escola para apreciação de toda a comunidade escolar. A avaliação será: • Em grupo e individual O fio condutor para apreciação e atribuição de notas será: 1. Sobre o processo e conclusão dos passos/etapas da construção do objeto; 2. Dados informativos do endereço e seu entorno sem erros; 3. A qualidade da marca pessoal e sua inserção como sinal de pontos positivos no mapa e, dos negativos transformados em positivos; 4. Acabamentos e estética do trabalho;
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